O Diagnóstico de Necessidades Formativas foi realizado em julho de 2019, com o objetivo de identificar as necessidades formativas dos professores no domínio da Cidadania e dos Direitos Humanos.
Considerando que os professores são atores estratégicos no quadro da educação para a cidadania e Direitos Humanos, e a capacitação deste grupo permite reforçar o papel do espaço escolar na criação de cidadãos ativos, este projeto pretende desenvolver uma oferta formativa acreditada para docentes – em linha com a visão da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania e da Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento 2018-2022 – contribuindo para a formação contínua dos docentes nesta área.
Em específico, o projeto pretende formar, até 2021, 50 professores dos agrupamentos de escolas de Alvalade e Alto do Lumiar – do Ensino pré-escolar ao Ensino Secundário – assim como apoiar estes docentes em contexto de sala de aula na abordagem dos temas ligados à Cidadania e aos Direitos Humanos, na perspetiva de sensibilização e mobilização dos seus alunos.
Embora as ações se dirijam apenas para os docentes do Grupo Alvo do projeto, foi considerado como fundamental ter em conta os docentes a nível nacional, de modo a obter uma maior perceção sobre as necessidades formativas dos professores em Portugal.
Objetivos do Diagnóstico de Necessidades Formativas
- Perceber o interesse dos docentes, do Grupo Alvo e a nível nacional, em receber formação na área de cidadania e Direitos Humanos;
- Identificar quais as horas, modalidade e horários preferenciais para as formações, pelos docentes;
- Reconhecer quais os temas dentro da Cidadania e Direitos Humanos que são considerados como mais relevantes para serem abordados nas formações;
- Identificar outros temas ou subtemas relevantes para a formação na área de Cidadania e Direitos Humanos, sugeridos pelos docentes;
- Perceber se os docentes consideram importante receber apoio em contexto de sala para dinamizar estes temas e quais as suas principais necessidades;
- Construir as ações de formação de acordo com as necessidades identificadas através do questionário.
As respostas dos professores dos Agrupamentos do Alto do Lumiar e Alvalade, alvo da intervenção do projeto, serão analisadas e apresentadas como “Grupo Alvo”, e comparadas com as respostas dadas pelos professores ao nível nacional, analisadas e apresentadas como “Amostra Global”.
No que respeita à distribuição total das respostas, pode observar-se no gráfico seguinte que a maior parte das respostas da Amostra Global foi obtida de professores/educadores da região de Lisboa e Vale do Tejo.
Aqui apresentaremos uma versão resumida dos principais resultados obtidos com este instrumento de diagnóstico.
Interesse em receber formação na área da Cidadania e Direitos Humanos
Uma das perguntas do questionário procurava perceber se os respondentes teriam interesse em receber formação na área de Cidadania e Direitos Humanos. Estes tinham como opções responder: que não possuíam interesse, que detinham interesse independentemente da ação ser acreditada ou não, que detinham interesse caso esta ação fosse acreditada, e a opção de identificarem outro caso se nenhuma das situações anteriores se aplicasse.
Tendo em conta a Amostra Global, 15 docentes (2%) não apresentaram qualquer interesse na formação em Cidadania e Direitos Humanos, 280 (37%) referiu possuir interesse e 449 (59%) apresentou interesse com a condição de ser acreditada. Existe por isso um grande interesse por parte dos docentes do Grupo Alvo e da Amostra Total em receberem formação nesta área, especialmente se for acreditada.
Número de horas da formação
Sobre o número de horas preferencial para as formações, 52 dos respondentes do Grupo Alvo (56%) preferiram 25 horas de formação, sendo esta a opção mais solicitada. De seguida, 19 respondentes (20%) preferiram 12 horas, e 17 (18%) 6 horas. Na Amostra Global, o número de horas preferido pela maior parte dos docentes foi 25 horas (421 respostas – 55%). Depois, 187 respondentes (25%) preferiram 12 horas e 122 (16%) 6 horas. Deste modo, mais de metade dos docentes, em ambos os grupos, preferem 25h para as ações de formação nesta área.
Temas Preferenciais
Uma das perguntas do questionário identificou vários temas dentro do currículo da Cidadania e Direitos Humanos, permitindo aos inquiridos classificar o interesse destes por cada uma das áreas através da seguinte escala: Sem Interesse, Pouco Interesse, Algum Interesse, Muito Interesse e Total Interesse.
Aqui vemos os temas, dentro da Cidadania e Direitos Humanos, preferidos pelos respondentes da Amostra Global para serem abordados nas formações. Podemos observar que os temas mais requeridos são a saúde (Total interesse para 339 docentes e Muito Interesse para 279), ambiente (Total interesse para 411 e Muito Interesse para 250), desenvolvimento sustentável (Total interesse para 414 e Muito Interesse para 253), direitos humanos culturais e de solidariedade (Total interesse para 316 e Muito Interesse para 324) e interculturalidade (Total interesse para 350 e Muito Interesse para 307).
Outros Temas – Amostra Global
Outra das perguntas do questionário tinha como objetivo identificar outros temas dentro da área de Cidadania e Desenvolvimento, para além daqueles referidos na questão anterior, e que os formandos considerassem importantes de serem abordados. Esta tratava-se de uma questão de resposta aberta e possuía um carácter opcional, sendo que foram obtidas 13 respostas para o Grupo Alvo e 121 para a Amostra Global.
No Gráfico 16, representativo da Amostra Global (N = 121), podemos observar que os temas mais referidos pelos respondentes foram o das Migrações e Multiculturalidade (17 respostas – 18.1%), o conceito de Inclusão (11 respostas- 11,7%), os Afetos e Educação para a Sexualidade (9 respostas – 9,6%), e os valores morais e cívicos (9 respostas – 9,6%). Foi também referido com bastante frequência os exemplos de Projetos/personalidades e Atividades pedagógicas na área da Cidadania e Direitos Humano (8 respostas – 8,5%).
Principais Necessidades
Outra pergunta do questionário, pretendia Identificar as principais necessidades dos docentes para as formações. Estes poderiam escolher mais que uma opção que se tratavam de: “Planos de aula”, “Recursos Pedagógicos”, “Conteúdos Teóricos” e a opção de identificar outra necessidade.
Como é possível observar no Gráfico 20, os docentes, tanto do Grupo Alvo como da Amostra, identificaram os Recursos Pedagógicos como a principal necessidade para as formações – 88 docentes (68%) e 717 docentes (61%) respetivamente. De seguida, no Grupo Alvo, 22 docentes (17%) indicou os Planos de Aula e 16 (12%) os Conteúdos Teóricos. Para a Amostra Global, tanto os Planos de Aula como os Conteúdos Teóricos obtiveram 18% das respostas (210 e 207 docentes, respetivamente).
Mais importante para as formações
Na Amostra Global (N = 136), podemos verificar através do gráfico 22 que os aspetos considerados como mais importantes pelos inquiridos foram: os recursos pedagógicos com 31 respostas (21%), as formas de trabalhar os temas (quais as estratégias e práticas a serem utilizadas) com 27 respostas (18%), igualmente como no Grupo Alvo, a mobilização dos alunos para estes temas com 18 respostas (12%), e a aquisição de competências pelos docentes e os seus alunos com 14 respostas (10%). Na categoria “outros” encontram-se as respostas que não obtiveram relevância suficiente para serem identificadas.
Conclusão
O projeto Escola para a Cidadania procura não apenas proporcionar um aumento na compreensão da importância dos Direitos Humanos, mas principalmente mobilizar os professores para a promoção de conhecimentos, atitudes e mobilização para comportamentos dos alunos para assumirem um papel ativo na defesa dos Direitos Humanos.
Atenda-se que, de forma coerente com o referido, os professores do Grupo Alvo consideraram um dos aspetos mais importantes para as ações de formação, ganhar competências e estratégias para conseguirem mobilizar os alunos para os temas da Cidadania e Direitos Humanos e também explorar os temas de forma a abordar questões significativas para os alunos. Estes resultados demonstram uma necessidade em intervir, de forma a capacitar os professores para a promoção dos Direitos Humanos e promover nos alunos uma consciência de cidadãos ativos.
Assim sendo, reforça-se a necessidade da realização da ação de formação e encontram-se contributos claros para a elaboração do itinerário pedagógico, nomeadamente, criação de uma ação de formação de 25 horas, com o objetivo de dotar os professores de conhecimentos, metodologias e materiais didáticos que apoiem a prática docente na sensibilização e mobilização dos alunos para a:
- defesa e promoção de uma cultura universal dos Direitos Humanos;
- assunção de atitudes e valores conducentes à redução das desigualdades locais e globais, alinhados com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU;
- promoção da educação para a saúde, com vista à adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis;
- responsabilização pela defesa do ambiente, para a proteção da vida em todas as suas formas;
- promoção do diálogo intercultural, valorizando a diversidade e o respeito por todos os seres humanos.
Destaca-se ainda que na elaboração do programa de formação deverão ser considerados as seguintes áreas da Cidadania e Desenvolvimento – todas de carácter obrigatório de acordo com a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania:
Este diagnóstico de necessidades foi a base da criação da oferta formativa certificada. Saiba mais neste artigo!